sexta-feira, julho 26, 2013

Sonho de uma noite de inverno

A maioria dos meus sonhos são interligados entre si, eles acontecem dentro de um mesmo universo e seguem uma linha do tempo. Existem múltiplos universos interdependentes, mas autônomos, entre si.
No ano passado eu tive um sonho que inaugurou um universo completamente novo (parte dele eu postei aqui): num futuro não muito distante, tropas retornam para casa depois de 20 anos de uma violenta guerra contra uma invasão alienígena e têm que aprender a viver num mundo sem economia em que as duas últimas gerações não sabem fazer nada além de lutar.
Dessa vez sonhei com a guerra em si.

Estava em um campo aberto, cinza, coberto em lama, esburacado pelo impacto de bombas. O barulho era ensurdecedor. As tropas humanas estavam concentradas em trincheiras. A superioridade aérea alienígena era completa, seus drones não só derrubavam qualquer drone ou caça humano como também impediam o avanço das tropas terrestres.
A única saída era cobrir todo o céu com baterias antiaéreas. O céu era do mesmo cinza do chão lamacento. Um mundo monocromático e opressivo.
Minha tropa era composta por umas 6 ou 7 pessoas e éramos encarregados de proteger e operar um sistema de baterias antiaéreas em uma trincheira. Uma tropa terrestre alienígena avançava sobre a trincheira imediatamente à nossa frente, cujas defesas haviam sido eliminadas por um ataque de drone.
Nós precisaríamos atravessar o campo aberto para retomar a trincheira e impedir o avanço alienígena.
Minha equipe me dava cobertura em minha corrida quase suicida. Um drone deu um rasante em minha direção e, numa combinação dos meus tiros de fuzil e da cobertura antiaérea feita por minha tropa, consegui desviá-lo no último segundo. Senti o deslocamento de ar provocado pelas balas passando próximas ao meu corpo.
Consegui retomar a trincheira e reativar as baterias antiaéreas. Tinha agora que, sozinho, impedir o avanço da tropa terrestre alienígena.
Acordei.

quinta-feira, junho 27, 2013

Another sunny day

Mais uma da série sonhos e/ou Belle and Sebastian. Ou da série sonhos com Belle and Sebastian.

Eu sempre achei que era normal as pessoas terem sonhos bizarros. Mas, julgando pela reação das pessoas quando eu conto, os meus sonhos são mais que a maioria.
Esse, na verdade, foi normalzinho.
Estava eu no colégio. Na sala onde estudei a 7°/8° série, mas não estava naquela época. Era uma mistura de pessoas com quem eu estudei ao longo de toda a vida.
O professor estava dando a aula quando um dos alunos começa a cantar "Another sunny day, I met you up in the garden". O professor tenta continuar a aula, mas o aluno insiste "You were digging plants, I dug you, beg your pardon". O professor tenta falar mais alto, então uns 8/9 alunos se juntam ao coro "I took a photograph of you in the herbaceous border. It broke the heart of men and flowers and girls and trees".
Nisso, o professor desiste da aula. Alguns outros alunos puxam instrumentos musicais de sabe-se lá onde e começam a tocar e cantar.
E a sala toda toca e canta Another Sunny Day até o fim.


quarta-feira, dezembro 05, 2012

Moonrise Kingdom


Quando eu assisti a Viagem a Darjeeling, disse que seu principal problema era que o diretor havia ficado mais preocupado com o seu próprio estilo, desenvolvido ao longo de alguns belos e interessantes filmes, do que em contar uma história.
Se nos seus filmes anteriores Wes Anderson havia equilibrado seu estilo visual peculiar a roteiros ainda mais peculiares de forma equilibrada, aqui ele havia se esquecido do roteiro e se concentrado apenas na experiência visual, se esquecendo do roteiro. Criando, assim, um filme plasticamente belo, mas vazio e estéril.
Em Moonrise Kingdom ele volta a criar uma história envolvente, encantadora e peculiar, não se concentrando apenas na plasticidade imagética do filme. Apesar de um início irregular, onde parece que o filme mais uma vez se concentraria em criar “planos bonitos” em detrimento de seu conteúdo, ele engrena e você passa a se importar e identificar com a história sendo contada.
Todo ambientado em uma ilha, nos anos 60, o filme conta a história de um pequeno e esquisito casal de 12 anos que resolve fugir junto, disparando uma busca pelo seu paradeiro.
Recheado de figuras disfuncionais em situações atípicas, fica difícil entender o motivo dos dois protagonistas serem considerados estranhos e excluídos pelos outros. Todos os personagens, dentro e fora da ilha, são igualmente não convencionais.
O que não prejudica o filme, pelo contrário, colabora com o tom da trama. E por mais bizarro que aquele universo possa parecer, é isso que mantém a verossimilhança da história.
Contando com vários dos seus atores habituais, a atuação que realmente chama a atenção é a do casal protagonista. É a química entre os dois e os seus carismas que garantem a identificação com o filme, já que o diretor opta sempre por manter o distanciamento do espectador.
Tecnicamente o filme não deixa a desejar, como esperado ele é plasticamente belo. Mesmo contido na maior parte, possui alguns planos de uma beleza singela e evocativa.
Ainda assim, em alguns momentos, a técnica e o estilo do filme chamam mais atenção do que deveriam e tiram o espectador da história. O espectador nunca esquece que está vendo um filme, sempre que ele começa a entrar na história o diretor faz algo para retirá-lo.
Moonrise Kingdom é um filme encantador, mas que seria beneficiado imensamente caso tivesse sido dirigido por outra pessoa. Caso contrário é apenas mais um filme do Wes Anderson.

segunda-feira, novembro 19, 2012

Ruby Sparks

Quem é escritor ficará encantado pelo primeiro ato de Ruby Sparks.
A começar pelo prólogo do filme, que faz todo uma preparação apenas para levar Calvin, Paul Dano, a congelar diante de uma página em branco.
Só aí o filme já me conquistou.
Calvin é um escritor genial, escreveu um livro de grande sucesso ainda muito novo e que agora sofre de bloqueio criativo. Até que seu terapeuta o passa uma tarefa, escrever uma história em que ele conheça uma pessoa através de seu cachorro.
Então, em um sonho, Calvin conhece o amor de sua vida (ou a literal garota dos sonhos, mas seriam trocadilhos demais de uma só vez) e passa a escrever sobre ela, a tal Ruby Sparks (Zoe Kazan, neta de Elia Kazan e roteirista do filme).
E é aí que o filme encanta, nos momentos em que Calvin descreve/escreve sobre Ruby. São nos sonhos e na escrita dele que o filme ganha vida, em oposição ao ritmo aborrecido de sua vida real.
Dirigido pela mesma dupla de Pequena Miss Sunshine, o aborrecimento do "real" pode muito bem ter sido uma opção consciente dos diretores, ao contrapor a monotonia de Calvin com a vida que Ruby o tráz.
Mas isso é só o primeiro ato. O filme só começa realmente quando algo fantástico acontece, Ruby ganha vida e se torna uma pessoal real. Não simplesmente uma manifestação da imaginação de Calvin, mas uma garota de carne e osso, capaz de interagir com as outras pessoas na vida do protagonista.
E então o filme se perde, ao seguir o caminho de uma comédia romântica comum, sem muitas inovações.
É, porém, uma comédia romântica das boas. Ruby Sparks não é um daqueles filmes água com açúcar, que não leva a lugar nenhum e que você só assiste porque foi obrigado pela namorada.
Ele está mais perto dos filmes que se pretendem renovar e dar um novo fôlego ao gênero, como 500 Dias com Ela ou Hora de Voltar (esse muito superior aos outros dois).
O problema é a maneira inorgânica com que a roteirista iniciante oscila entre o realismo fantástico e a comédia romântica, a sua inabilidade em criar situações cômicas e a maneira completamente artificial com que as situações e os personagens se desenvolvem.
Ruby, a personagem inventada, é mais real que qualquer personagem coadjuvante, que teoricamente seriam "de verdade", e que não chegam nem ao status de caricatura. Por mais que seus intérpretes tentem os dar vida, não há muito o que se possa fazer. E Zoe falha tentar seguir a receita do gênero que ela mesma escolheu.
Ruby, ao ganhar vida, morre.

sábado, novembro 17, 2012

Looper

Pelo menos uma vez por ano eu revejo A Ponta de um Crime. É um filme subestimado e pouco reconhecido. É um frande filme em todos os aspectos, é muito bem dirigido, magnificamente bem escrito e extremamente bem atuado (o que é particularmente digno de nota, já que todo o elenco é adolescente).
A cada vez que revisito o filme eu descubro algum novo detalhe, alguma pequena cosia que eu não havia percebido nas outras vezes. Apenas os bons filmes permitem isso.
O filme é rico e complexo, mas ao mesmo tempo despretensioso.
Por isso que eu estava extremamente ansioso para assistir Looper: Assassinos do Futuro, do mesmo diretor e roteirista Rian Johnson.
Não só por ser escrito e dirigido por ele, já que ele fez um filme medíocre entre os dois, mas por trazer uma intrigante premissa de ficção científica que já havia me atraído por si só.
E Looper é um puta filme (esse é o termo técnico), não só uma puta ficção científica. Pelo menos depois que você supera a maquiagem que Joseph Gordon-Levitt usa para se parecer mais com Bruce Willis.
Apesar do subtítulo nacional, Loopers não são assassinos do futuro, são assassinos do presente (que no caso é o nosso futuro) especializados em matar alvos do futuro, que são enviados 30 anos ao passado (o presente da história) para serem eliminados sem deixar rastros.
Com um detalhe macabro, quando o chefão resolve encerrar seu contrato ele envia sua versão 30 anos mais velha ao passado para ser assassinado por si mesmo.
Quando chega a vez de Gordon-Levitt matar sua versão 30 anos mais velha, Bruce Willis, as coisa ficam um pouco mais complicadas.
O diferencial de Looper é que ele não deixa a ação, e a caçada que o filme se torna, jogar fora as implicações e reflexões geradas pelo sempre complexo tema da viagem no tempo.
As ficções científicas ultimamente apenas usam seu conceito como desculpa para fazerem um filme de ação, para logo depois deixar de lado qualquer questão ou consequência levantada no início. Pouco importando aquilo é ou não uma ficção científica, se se passa no futuro, se possui gadgets super tecnológicos, para apenas retratar explosões em sequência.
Ou não se mantém a altura das promessas embutidas na premissa (oi, Prometheus).
Looper não faz uma coisa nem outra. É um filme corajoso, que não foge às implicações de sua premissa, mesmo que isso leve a um final pouco atraente comercialmente.
Sem nunca deixar de ser um atrativo filme de ação.
Com uma atenção aos detalhes digna do diretor de A Ponta de um Crime, por mais que viagens no tempo sempre deixem uma série de buracos, o filme se sustenta excelentemente bem o tempo todo. E merece múltiplas visitas.
Tecnicamente o filme é belíssimo. Não só a fotografia, mas o design de produção e os efeitos visuais, que fazem daquele futuro algo real.
As atuações são todas impecáveis. Desde os veteranos, até os remanescentes de A Ponta de um Crime.
Mas, finalmente, eu chego no motivo principal de eu escrever essa resenha.
Se não tivesse nenhuma dessas qualidades que eu acabei de descrever o filme todo valeria a pena mesmo assim devido a uma única sequência.
A rápida sequência que conta a transformação de Gordon-Levitt em Willis é linca, poética, triste e dramaticamente carregada.
Como a sequência em animação em Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 1, que rouba a cena por sua beleza. Ou como a sequência de Up, que conta uma vida em poucos minutos.
E mais uma vez Rian Johnson teve um filme que foi menos apreciado do que deveria, recebendo bem menos atenção que o inferior, mas mais pretensioso, Prometheus.

quarta-feira, novembro 07, 2012

O Balão Amarelo


Um parque. No parque, um balão amarelo.
Não um balão de ar quente, um balão de festa.
Um balão de festa gigante, do tamanho de um balão de ar quente.
Um balão de festa gigante amarelo flutuando no parque preso a uma longa corda.
As pessoas formavam uma fila em frente ao balão, se revezando para subir nele, presos à corda.

Eu entrei na fila.
Estava fascinado pelo balão amarelo.
Aguardava ansiosamente enquanto chegava mais perto do balão.
Eu subi no balão e ele subiu cerca de trinta metros, até ficar preso a uma árvore.
Árvores gigantes de mais de trinta metros de altura, logo atrás do balão de festa gigante amarelo.

A corda se rompeu.
Eu continuei preso ao balão amarelo.
No chão, as pessoas olhavam para cima estupefatas. 
O balão amarelo subia sem parar, eu olhando para o chão apavorado.
Logo eu estava a centenas de metros do chão, não podia mais distinguir as pessoas, o parque, nada.

A corda se rompeu.
A corda que me prendia ao balão se rompeu.
Eu caia velozmente, o chão cada vez mais perto, eu desesperado.
Sobre mim, o balão de festa gigante amarelo continuava a subir descontrolado.
Sob mim, o chão cada vez mais próximo. Logo eu novamente distinguia o parque, as pessoas no chão.

Desespero.
Um paraquedas se abre.
O que era uma queda para a morte se torna uma lenta descida.
As pessoas no chão respiram aliviadas, eu respiro aliviado e aproveito minha viagem.
Chego ao chão, tiro o paraquedas, as pessoas me felicitam, eu entro em uma casa e tomo refrigerante.

segunda-feira, outubro 15, 2012

Desencanto


Casais de série de tv seguem sempre um padrão. Após uma ou duas temporadas gerando expectativa eles finalmente ficam juntos.
Então, por uma temporada, o relacionamento dos dois é tudo aquilo que o público sempre esperou. Até que ao final da temporada os dois se separam.
(Normalmente, depois que a série é cancelada, nos últimos 4 ou 5 episódios, constrói-se a volta dos dois para o series finale. O que quase sempre é artificial e brusco, mas não é isso que eu vou discutir agora.)
São raras as séries que, mesmo que já planejado, fazem essa separação de forma natural. São quase sempre situações artificiais gerando conflitos artificiais, em que os personagens agem de forma não condizente com suas personalidades até então.
Mas algumas séries acertam. E Everwood faz isso de forma magistral.
Primeiro que o conflito que eventualmente levou ao rompimento do casal principal foi criado antes mesmo de os dois ficarem juntos. Isso permitiu que todo o relacionamento dos dois fosse construído de forma que levasse a isso.
Toda situação foi cuidadosamente desenvolvida, até que atingisse um ponto de não retorno. O acaso desempenha um papel importante, mas ele só entra em cena depois que tudo já havia se tornado inevitável.
Outra decisão corajosa da série foi não jogar a situação toda para o final da temporada, apenas como forma de gerar um gancho para a próxima. Todo o arco se iniciou no décimo quarto episódio de uma temporada com vinte e dois (lembrando que tudo, na verdade, começou a metade da temporada anterior e já vinha sendo desenvolvido). A situação foi construída com calma, sem que isso parecesse simplesmente jogado na cara do espectador.
Era o destino dos dois chegar até aquela situação, mas não foi o destino que os separou. Foram as suas próprias escolhas que os colocaram ali. Infelizmente a discussão “destino versus escolha” foi feita de forma explícita e bastante simplificada pela trama, seria muito mais rico se eles tivessem optado pela sutileza e deixado a conclusão para o espectador.
E, finalmente, o conflito não foi a causa final da separação. Ele não gerou uma discussão que tornou o relacionamento insustentável. Um não disse coisas horríveis para o outro, magoando-os de forma irreversível.
Eles se amavam, eles continuaram juntos, eles tentaram resolver seus problemas. Um confiou no outro, pediu a ajuda.
O que levou ao término foi uma série de quebras, de confiança, de encanto, que levou os dois a perceberem que já não eram mais os mesmos.
O que levou ao término foi o desencanto.

terça-feira, outubro 09, 2012

Sonho de uma noite de primavera

Uma vila.
Inglaterra, séc. XIX.
Uma vila cercada por altos muros.
Os moradores assustados mantém a única entrada fechada por cadeados e grossas correntes.
A única forma de contato com o mundo exterior é uma grande caixa de correio.
Caixa de correio administrada pelo zelador, com sua perna de pau, e seu cachorro, com suas sarnas.
Do outro lado do portão uma comunidade.
Inglaterra, início do séc. XX.
Uma comunidade cercada por altos muros.
Os moradores assustados mantém a única entrada fechada por cadeados e grossas correntes.

A única forma de contato com o mundo exterior é uma pequena cabine telefônica ao lado do portão.
O telefone toca.
Ninguém atende.
Do outro lado do portão uma pequena ilha de pescadores.
Inglaterra, anos 1980.
Uma pequena ilha de pescadores cercada por água congelante e névoa.
A única forma de contato com o mundo exterior é um pequeno aparelho de tv na sala de espera da balsa, que ninguém usa.
Os moradores não estão assustados.
É dia de festa.
Estão todos felizes.
As crianças correm pelas ruas e os adultos mal conseguem conter a excitação.
Ao longe um homem toca um sino.
Em poucas horas retornará um barco com o primeiro grupo de pessoas a sair da ilha em vários anos.
Mal sabem eles que foram todos destroçados pela guerra.

sábado, outubro 06, 2012

I Love Rabbits 2

De vez em quando eu vejo uma cena de um filme ou uma série que é tão... que eu só consigo dizer "uau, é por isso que eu amo cinema" e eu lembro porque eu resolvi fazer o que eu faço.
Não uma coisa grande, um grande roteiro e um grande diretor fazendo um grande filme, são pequenas coisas, que podem estar até mesmo na novela (mas é raro...).
Detalhes que fazem a diferença entre uma coisa qualquer e algo que vale a pena ser visto.
Coisas que, em alguns casos, a maioria das pessoas não percebem conscientemente, mas sentem.
Estou revendo Everwood e, no final de um dos episódios, estavam resolvendo duas situações dramáticas que haviam sido construídas ao longo dos últimos 3 ou 4 episódios.
Na primeira das cenas começou a tocar uma música dramática bem baixo, ao ponto de mal se poder ouvir. Isso por si só já é raro, afinal é televisão. No cinema você está, teoricamente, em uma sala escura com isolamento acústico e várias caixas de som potentes, já a televisão você assiste na sala, com a luz acesa, barulho de trânsito e com sua irmã mais nova ouvindo Justin Bieber no último volume no quarto. Não se pode se dar ao luxo de ser sutil.
No fim da cena, não por acaso na parte mais intensa da música, os dois personagens de abraçam e a câmera se afasta. Nesse momento você esperaria a música aumentar e tomar conta da cena, levando o espectador às lágrimas, não porque a cena é emocionante, mas porque a música está indicando isso.
Não foi o que aconteceu, a música continuou baixa.
O que é mais raro ainda, mesmo no cinema. A música deixou de compor a cena, de servir para acrescentar à construção e passou a ser uma simples bula de emoções, "chore aqui", "esse momento é divertido", "fique com medo", uma forma de cobrir a preguiça do realizador.
Corte para a próxima cena.
A mesma música continua, ainda baixa.
A situação se desenrola até chegar no clímax do episódio, o momento mais dramático, em que uma das personagens diz que vai fazer o exame que dirá se ela tem a doença que a fará morrer inexoravelmente antes dos 40 anos (é, pois é...).
As duas personagens se abraçam, no meio da lanchonete da escola, a música está de volta à parte mais intensa, corta para a grua, 7 metros de altura e subindo, as duas se abraçando no meio da lanchonete lotada. É o momento em que a música deveria explodir na cena, no último volume antes de cortar para os créditos.
Não é o que acontece. A música continua baixa. O que toma a cena é o som do background, conversas e risadas dos outros alunos.
Simples, lindo.

domingo, janeiro 02, 2011

Melhores e Piores Vol. 3 ou Le Sales Awards

Na verdade a quantidade de filmes que eu vi no ano não permite exatamente que eu faça a mesma coisa que eu fiz em 2007 e 2008. Então esse ano vai ser bem mais simples, apenas com os melhores, o piores e algumas indicações.
Ainda existem uns dois malucos que perguntam para mim por indicações de filmes para assistir, e é exatamente o que é essa lista. No meio de outros 200 filmes fica difícil separar pelo número de estrelinhas o que é interessante para se ver ou não (esteja você procurando pelos filmes que eu dei 5 estrelas ou pelos que eu dei 1 estrela...), então isso é uma lista mais sucinta de filmes que eu acho que deveriam ver.
Mesmo que você vá diretamente para lista de piores. Porque se eu não gostei de um filme, então com certeza ele deve ser muito bom. E vice versa.

Top 10 Filmes de 2010:

1. Toy Story 3
2. A Fita Branca
3. Mary e Max
4. O Segredo dos Seus Olhos
5. A Origem
6. A Rede Social
7. Um Homem Sério
8. Onde Vivem os Monstros
9. A Estrada
10. As Melhores Coisas do Mundo

Veja também: Educação; Preciosa - Uma História de Esperança; Ilha do Medo; O Escritor Fantasma; Tropa de Elite 2; Scott Pilgrim Contra O Mundo; Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1; Zona Verde; Os Famosos e os Duendes da Morte; Guerra ao Terror.

Top 10 Oldies:

1. In Bruges
2. Rastros de Ódio
3. Os Imperdoáveis
4. Psicose
5. Chinatown
6. O Pagador de Promessas
7. Mr. Nobody
8. Gran Torino
9. A Garota Ideal
10. Paranoid Park

Veja também: A Primeira Noite de um Homem; A Conversação; Houve Uma Vez Dois Verões; Paisagem na Neblina; Moon; O Grupo Baader Meinhof; O Caso dos Irmãos Naves; Estômago; Deus e o Diabo na Terra do Sol; O Padre e a Moça.

Top 10 Filmes Ruins:

1. Fim dos Tempos
2. Um Olhar do Paraíso
3. Lebanon
4. Splice
5. 9 - A Salvação
6. Ninja Assassino
7. Hellboy II - O Exército Dourado
8. Tron - Uma Odisséia Eletrônica
9. O Livro de Eli
10. A Ressaca

Não veja também: The Runaways; A Lira do Delírio; Os Mercenários; Nunca Mais; Desafiando Gigantes; Recém-Formada; Guardiões do Dia; Planeta Proibido; Robin Hood (2010); G.I. Joe - A Origem de Cobra.

Surpresas:

Zumbilândia
Se Beber Não Case
Eu Te Amo, Cara
Os Homens que Encaravam Cabras
Triangle
O Primeiro Mentiroso
O Golpista do Ano
Em Busca de Uma Nova Chance (The Greatest)
O Nevoeiro
2019 - O Ano da Extinção (Daybreakers)

Decepções:

Fantasia
Invictus
Alice no País das Maravilhas (2010)
Kick-Ass - Quebrando Tudo
Gomorra
Tudo Pode Dar Certo
O Sonho de Cassandra
A Rosa Púrpura do Cairo
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus
Arrasta-me para o Inferno

sexta-feira, dezembro 31, 2010

+ Filmes ou The Dark of the Matine

Última lista de filmes vistos no ano. Fechei 2010 com 216 filmes. Bem melhor que os vergonhosos últimos 2 anos que não passaram dos 90 filmes. Aliás, mesmo somando 2008 e 2009 dá menos filmes que eu vi em 2010. Desde o último post foram 47 filmes, o pior trimestre do ano, o que pode ser atribuído ao final de semestre de matar que eu tive e às férias desastrosas cinematograficamente (Mas nem tanto desastrosas nos outros sentidos, aliás, eu li 2 livros, perdi 3kg e viajei por um dos mais bonitos cartões postais da Bahia nessas 3 semanas).
Ah, mas uma coisa. Como o número de filmes me permite, o Le Sales Awards retornará com a lista de melhores e piores filmes vistos no ano. O que eu farei assim que tiver tempo.
Bom, chega de enrolação e vamos à lista:

Flashback:

"Os filmes estão na ordem em que foram assistidos [...] e acompanhados de uma classificação que vai de uma (*) a cinco (*****) estrelas. Essa classificação é apenas um indicativo de quanto eu gostei do filme, não é nem de longe uma análise. Alguns filmes vem acompanhados do símbolo #, isso quer dizer que foi a primeira vez que eu o assisti, e os que possuem refilmagens ou mais de uma versão estão seguidos da data da versão assistida. Os filmes que eu assisti mais de uma vez esse ano foram colocados apenas uma vez."


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Bang Bang (1971) **** #
A Faca na Água *** #
Repulsa ao Sexo *** #
Armadilha do Destino ** #
Conduta de Risco **** #
Tropa de Elite 2 **** #
Zona Verde **** #
O Grupo Baader Meinhof ***** #
Mr. Nobody ***** #
O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus *** #
Arrasta-me para o Inferno ** #
Contatos de 4º Grau *** #
Presságio *** #
Hounddog ***** #
Splice * #
Além do Desejo ** #
Três Veze Amor ****
O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel ****
O Senhor dos Anéis - As Duas Torres ****
A Lira do Delírio * #
O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei *****
Arraial do Cabo (Curta) ** #
São Bernardo **** #
O Fim da Picada ** #
Rastros de Ódio ***** #
Scott Pilgrim Contra O Mundo **** #
O Curioso Caso de Benjamin Button ****
Seven - Os Sete Crimes Capitais *****
Zodíaco *****
O Quarto do Pânico ****
Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1 **** #
Clube da Luta *****
A Rede Social ***** #
Vidas em Jogo ** #
Alien 3 *** #
Le Chant du Styrène (Curta) * #
Le coup du berger (Curta) ** #
Antoine and Colette (Curta) *** #
O Poderoso Chefão *****
Lebanon * #
A Pantera Cor de Rosa (2006) **
A Máscara do Zorro **
Expresso Polar *** #
Conta Comigo *****
A Ressaca * #
Fim dos Tempos * #
The Runaways * #

quarta-feira, dezembro 29, 2010

De Laura Mulvey, Mercenários e Crepúsculo

Introdução

Em “O Prazer Visual e o Cinema Narrativo” e em suas reflexões sobre o artigo, Laura Mulvey evidenciou o olhar predominantemente masculino e o papel que a mulher desempenha no cinema clássico narrativo.
Apesar do crescente avanço nessa representação, ainda hoje muito pouco mudou no espaço e função que o gênero feminino tem no mainstream hollywoodiano. Esse trabalho vai reconstruir a visão apontada por Mulvey nesses dois artigos a partir de duas grandes bilheterias do ano, o filme de Sylvester Stallone Os Mercenários e a série Crepúsculo. Um filme que é voltado exclusivamente para o público masculino e outro para o feminino.

A dicotomia do olhar e Os Mercenários

O olhar cinematográfico foi construído sobre o inconsciente da sociedade patriarcal, e o erótico no cinema foi constituído a partir disso.
Essa construção oferece dois tipos de olhar: o escopofílico e o narcisista.
Na escopofilia o prazer está no próprio ato de olhar e a mulher funciona como base erótica para a obtenção desse prazer. O olhar narcisista é construído a partir da fase do espelho, em que a criança reconhece a sua imagem no espelho como superior ao próprio corpo.
Os Mercenários se estrutura a partir desses dois conceitos.
A única mulher presente na trama segue a estratégia apontada por Budd Boetticher:
“O que importa é o que a heroína provoca, ou melhor, o que ela representa. É ela que, ou melhor, é o amor ou o medo que ela desperta no herói, ou então a preocupação que ele sente por ela, que o faz agir dessa maneira. Em si mesma, a mulher não tem a menor importância.”
Num primeiro momento, talvez um reflexo do impacto que as teorias como as de Mulvey gerou em Hollywood, a “mocinha” do filme se estabelece como uma personagem forte e de personalidade própria. Mas imediatamente depois ela é reduzida a uma sombra, a apenas a motivação das ações do herói, sem nenhuma função em si própria. Mesmo num mundo que reconhece a função que a nova mulher ganhou na sociedade ela é subjugada, no fim, à mesma representação do início do cinema narrativo e todas as suas conquistas são apenas aparentes e superficiais.
Existe em Os Mercenários uma indicação de um papel maior a ser desempenhado pela mulher, mas ela volta ao seu lugar como objeto de prazer escopofílico – com o congelamento do fluxo da ação para a pura contemplação erótica. Quando a “mocinha” entra em cena, a narrativa para e dá lugar à exploração erótica de sua figura feminina.
Na complementação de sua estrutura do olhar Os Mercenários se constrói como um buddy movie – com o erotismo homossexual inerente a isso – para construir o prazer da imagem espelho.
Os homens da trama são todos os maiores ícones da masculinidade, os grandes heróis dos filmes de ação dos anos 80. São todos fortes além da realidade, capazes além da realidade, com coordenação motora e habilidades além da realidade.
Eles constituem o homem ideal com o qual o espectador se reconhece e obtém o seu prazer na substituição de seu próprio “eu” pelo “eu” da tela. Num mecanismo que o cinema narrativo tornou-se especialista em criar.
Os Mercenários funciona como fornecedor dos dois maiores prazeres do olhar patriarcal no cinema. Trazendo o prazer escopofílico na exploração do erotismo feminino e o prazer narcisista na representação do homem perfeito e ideal. E é daí que vem o seu sucesso.

Crepúsculo e a mulher espectadora

Essa interpretação do cinema narrativo feita por Laura Mulvey, porém, ignorava o aspecto da mulher espectadora, considerando o espectador sempre como um “homem”. Ela então volta ao texto para problematizar a questão. Como o mecanismo de identificação é afetado por uma mulher espectadora?
Uma primeira hipótese é que essa mulher se encontre em sintonia com o prazer ofertado pelo cinema narrativo – do prazer voyeurístico no erótico feminino e do prazer narcisista do homem ideal – e aceite a sua “masculinização” em troca do controle da diegese e da liberdade de ação que lhe permitem uma identificação com o herói. Que encontra sustentação na teoria freudiana da fase masculina do desenvolvimento da feminilidade que daria base para esse tipo de identificação.
Mas também existe a questão do melodrama, quando a mulher é colocada no centro narrativo, com uma mulher protagonista incapaz de alcançar uma identidade sexual estável e é dividida entre a passividade feminina e a masculinidade regressiva. Com a função da mulher oscilando entre o “casamento” – a única função específica do sexo – e a negação desse conceito, com uma adoção de sua masculinidade freudiana.
A série Crepúsculo oferece uma narrativa que abraça esses dois conceitos de feminilidade, apesar de seu enfoque absurdamente machista e retrógrado.
A função “casamento” aparece como a única possível para a mulher, mantendo a equação de mulher sendo igual à sexualidade. E a presença feminina no centro da história permite que ela seja abertamente sobre sexualidade, tornando-se um melodrama.
O aspecto altamente conservador da narrativa da série Crepúsculo a impede de problematizar essas questões e, pelo contrário, ela só usa os caminhos apontados pela teoria de Mulvey como uma casca que molda a sua narrativa como meio de reafirmar o aspecto patriarcal, machista e misógino da sociedade. Numa perigosa subversão dos benefícios trazidos pelas teorias feministas na representação da mulher no cinema.
Mesmo em filmes ainda altamente machistas, que seguem integralmente os preceitos da teoria contida em “O prazer visual e cinema narrativo”, como Os Mercenários, é aberto um papel maior para a representação feminina, mesmo que ele seja apenas ilusório.
É como se o machismo tivesse se apropriado do feminismo – e o subvertido – para se legitimar de maneira ainda mais forte. A realização de filmes com aparência feminista serve como forma de maquiar o machismo inerente da nossa sociedade e passar a ilusão para a mulher espectadora que essa questão – a dominação da visão machista no cinema – já foi superada.
Crepúsculo continua seguir as reflexões feitas por Laura Mulvey sobre Duelo ao Sol, de 1946, com uma protagonista dividida entre dois personagens masculinos opostos. Com um personagem representando o caminho romântico “correto” que deve ser seguido por toda mulher e com outro representando um impulso mais sexual e que permitiria a sua “masculinização”, sua transformação em moleca. Essa dicotomia serve apenas como forma de reafirmar a posição submissa que a mulher deve assumir na sociedade patriarcal.
Por outro lado, Crepúsculo oferece um tipo de prazer visual, o prazer narcisista associado à fase espelho, onde a mulher se identifica com o protagonista masculino pela masculinização de seu olhar.
Os homens em Crepúsculo são perfeitos, com força, habilidades e capacidade além do real – como os protagonistas de Os Mercenários. A identificação funciona da mesma forma nos dois filmes, mesmo que o público aqui seja predominantemente feminino. A mulher traveste-se numa figura masculina e se identifica com a figura ideal mostrada na tela, mesmo com a protagonista feminina sendo frágil, dependente e inexiste sem a presença do homem.
Sua identificação funciona em dois níveis: primeiro o da identificação com a fase masculina freudiana e segundo como a representação do parceiro ideal de casamento, permitindo-a assumir o seu lugar “correto” como mulher.
Toda a potência do personagem masculino gera o prazer na medida em que oferece a aparente liberação da mulher através da identificação travestida – o olhar da espectadora feminina é masculinizado – e da sua associação com ela através do casamento.
Laura Mulvey termina suas reflexões afirmando que a fantasia da masculinização da mulher espectadora está inquieta nas suas roupas de travesti – e a tentativa de alterar o antigo papel ocupado pela mulher no cinema, ou pelo menos a tentativa de maquiar a manutenção desse papel mesmo em filmes machistas como Os Mercenários parecem confirmar sua afirmação. Entretanto o sucesso de filmes como os da série Crepúsculo parecem indicar justamente o contrário, que as mulheres estão confortáveis em seu travestimento e com a posição que lhe é permitida na sociedade patriarcal contanto que lhes seja dada a aparência de liberdade.

domingo, dezembro 12, 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1

Era a sessão de pré-estréia à meia noite, o cinema estava lotado de pessoas fantasiadas. A ansiedade era tanta que todos gritaram assim que o projetor foi ligado, me impedindo de ouvir as instruções de segurança. Mas assim que o logotipo da Warner apareceu na tela o silêncio era abismal, ninguém respirava.
É o fim de uma era que começou em 1997 com a publicação de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro filme foi lançado em 2001. Não havia crianças na sala, eram todos jovens adultos que cresceram junto com Harry e que estavam ali para testemunhar o marco do fim de suas infâncias. Felizmente, não foram só os espectadores que cresceram, os personagens evoluíram junto e a trama também.
Desde o segundo filme da série não há uma crítica que não diga “esse é o filme mais sombrio até agora”, o que nos leva a crer que a tendência é que, se houvesse, o capítulo 10 seria apenas uma tela preta. E esse Harry Potter 7 parte 1 chega perto disso.
O filme já começa deixando bem claro que aquele universo fantástico dos primeiros filmes ficou para trás. O já citado logotipo da Warner enferruja e apodrece enquanto a câmera se aproxima dele e a primeira cena do filme é um primeiríssimo plano dos olhos do Ministro da Magia (Bill Nighy) fazendo um pronunciamento à imprensa sobre o tortuoso caminho a se seguir. Logo em seguida uma manchete de jornal noticiando o assassinato de trouxas (pessoas não bruxas) e paralelamente vemos Hermione apagando sua existência da memória dos pais e os tios de Harry fugindo de casa para um lugar mais seguro. E, como se não bastasse, logo depois, numa intensa cena de ação e perseguição aérea/terrestre, vem a morte da coruja Edwiges, símbolo da inocência, e do professor Moody, o último mentor de Potter.
E isso antes mesmo do meio do primeiro ato do filme. A história mesmo só começa depois e acompanha o caminho traçado no fim do sexto episódio, mostrando a busca e a destruição das horcruxes (pedaços da alma escondidos num objeto) de Voldemort, a única maneira de derrotá-lo. Mesmo a história das relíquias da morte, três objetos mágicos de grande poder, é deixada de lado e desempenha um papel apenas periférico na trama.
Visualmente esse tom sombrio fica a cargo do fotógrafo português Eduardo Serra (Moça com Brinco de Pérola), que criou um ambiente belíssimo. O filme é todo escuro e dessaturado, tudo é preto ou cinza e a única cor permitida é o roxo escuro. Para isso ele é ajudado pela escolha de locações (Harry e seus amigos estão sempre caminhando por cenários desolados que mais lembram filmes pós-apocalípticos) e pelo design de produção de Stuart Craig (oito vezes indicado ao Oscar, inclusive por dois Harry Potter’s, tendo vencido 3).
A direção, pela terceira vez, fica a cargo de David Yates (The Girl in the Café) que, acostumado a fazer filmes políticos, contrabandeia várias questões para dentro do filme. Por exemplo, Voldemort toma o poder no Ministério não através de um confronto direto, mas por um golpe de estado nos bastidores baseado retomada das tradições, dos bons costumes e da antiga glória, protegendo a comunidade bruxa da decadência do liberalismo, tudo isso com amplo apoio da mídia e ao mesmo tempo em que persegue seus detratores violentamente através de torturas, assassinatos e desaparecimentos (algumas dessas torturas e assassinatos nós testemunhamos na tela). Como isso é diferente da ascensão do nazismo ou mesmo do golpe militar de 64 no Brasil? Com os personagens agindo como dissidentes políticos caindo na clandestinidade, com cartazes estampando o rosto de Harry com os dizeres “Indesejável Número 1” que lembram os cartazes de “Terrorista” com o rosto de militantes de esquerda dos anos 60/70.
Infelizmente esses temas são ignorados pela trama do filme, apesar do papel maior que desempenham nos livros, e só estão presentes pelas mãos de Yates.
Aliás, as diferentes mãos dos vários diretores que a série teve foi o grande trunfo da franquia Potter no cinema. Principalmente a contribuição realista de Alfonso Cuarón no terceiro filme, a qual Yates – depois de seguir uma linha mais fantasiosa no quinto e no sexto – retoma com toda a força.
Os filmes de hoje são intimamente ligados ao realismo e à estética do documentário – Harry Potter 7 é todo feito, com exceção das cenas de ação que seguem o tratamento padrão, com câmera na mão – e há um hibridismo de gêneros como tendência no cinema mundial. Mesmo os filmes de fantasia e ficção seguem o fluxo. Um exemplo claro disso foi a franquia Batman, compare o universo fantástico das versões de Tim Burton, que se passavam num mundo ficcional e não se preocupavam em nenhum momento em se colocar no mundo real, com as novas versões de Christopher Nolan que baseiam o filme no princípio que aquele Batman poderia existir no mundo real e o tempo todo se preocupam em legitimar mesmo os gadgets mais absurdos do herói. Até o Superman novo foi transferido de Metrópolis para Nova York. A distância entre a fantasia dos anos 80 e a fantasia atual é absurda, com a verossimilhança sendo confundida com documentarismo.
Sem julgar os méritos dessa mudança, em Harry Potter os filmes são melhores quanto mais realistas (O universo estritamente fantasioso dos dois primeiros filmes deu lugar a um universo mais acessível, próximo, no terceiro. Depois voltou à fantasia e agora retorna ao realismo).
A cena que sintetiza o realismo e o tom político do filme é a sequência que se passa dentro de um café. Fugindo da tentação de transformá-la num grande duelo mágico (como a batalha vista no quinto filme), Yates dá à cena um tratamento de tiroteio. Tudo ali dentro se passa como se estivesse ocorrendo uma troca de tiros e não feitiços sendo disparados por varinhas, numa atmosfera que me lembrou muito filmes como Munique e O Grupo Baader Meinhof.
Contando com a participação de quase todos os grandes atores britânicos contemporâneos, todo o elenco de apoio se destaca. O único ponto fraco poderia ser a atuação do trio principal, já que quase todo filme se concentra neles, porém seu desempenho é sempre satisfatório, mesmo nas cenas que mais exigem deles. Rupert Grint, o Ron, deixou de lado seu papel de alívio cômico e mostra um lado muito mais intenso. Emma Watson, a Hermione, já convence na cena em que precisa apagar a memória dos pais. E Daniel Radcliffe, sempre o pior do trio, consegue passar o peso que é ser Harry Potter.
E a atuação dos três é essencial para o funcionamento do filme, já que ele todo se baseia na relação entre eles nos longos períodos que passam isolados. Eles são melhores amigos há sete anos e a sua união é visível. Repare na cena em que o trio dorme lado a lado e quando Harry acorda ele percebe as mãos de seus dois amigos quase que encostadas uma na outra, como se tivessem adormecido de mãos dadas; ou na cena da dança entre Harry e Hermione, que num momento de extrema tensão conseguem fugir um pouco da realidade pela intensa amizade e intimidade entre os dois, numa cena delicada e bela.
Um dos destaques do filme é justamente a coragem de fazer de cenas como essa o centro do filme, com cenas de não ação e longos períodos em que absolutamente nada acontece e o tempo passa devagar. Mesmo que isso frustre espectadores que tenham ido ao cinema assistir a um thriller de ação. E é isso que faz com que o filme fuja do tom episódico dos capítulos anteriores, o tempo parece fluir como se deve agora que o roteirista Steve Kloves teve que espremer apenas metade do livro em duas horas e meia – apesar de ficar claro que grandes partes tenham ficado de fora, já que as estações do ano se intercalam de maneira muito abrupta. Numa hora começa a nevar, na cena seguinte tudo já está tomando pela neve por ser véspera de natal e algumas cenas depois já não há neve alguma e é primavera.
Tudo isso, é claro, pode ser também apenas uma estratégia de marketing já que a segunda parte promete ser uma única sequência de ação contínua de duas horas e meia.
Outro grande destaque é a sequência feita em uma animação estilizada para ilustrar o “Conto dos Três Irmãos”, ligado às relíquias da morte, e que sendo belíssima é o ponto alto de todo o filme.
O que não pode deixar de ser mencionado, afinal esse é um filme de fantasia, são os efeitos especiais, que são extremamente realistas. Mesmo sabendo que quase tudo o que você está vendo na tela foi filmado em fundo verde e construído no computador, em nenhum momento isso é visível ou perceptível. As criações digitais casam de maneira bastante orgânica com o todo. Os elfos domésticos estão perfeitos e parecem reais – não mais os bonequinhos de plástico dos filmes anteriores – e isso é fundamental para a ligação do espectador com a parte mais dramática do filme.
Mas o filme possui também alguns problemas crônicos. Primeiro, ele depende do conhecimento prévio do espectador não só dos últimos seis filmes – lançados ao longo de quase 10 anos! – como também dos livros, já que alguns furos da adaptação, que deixou de fora vários elementos importantes para a trama, começaram a aparecer. E as tentativas de suprir esses furos nem sempre são satisfatórias.
É uma sequência feita para os fãs, alguém entrando no cinema apenas para esse filme corre o risco de assistir a tudo como um turista – apreciando a beleza das paisagens, sem realmente entender o contexto das coisas.
Em segundo lugar, ele sofre da sina dos filmes divididos em duas partes e que não oferecem nenhum tipo de conclusão. Preocupado em deixar toda a ação para a Parte 2, o filme acaba de forma abrupta – sem nem deixar uma indicação do que virá a seguir – e tudo fica muito em aberto. O mesmo problema enfraqueceu o final de O Senhor dos Anéis – As Duas Torres, mas não esteve presente em A Sociedade do Anel – e nem em Harry Potter e o Enigma do Príncipe, se for para ficar dentro da série.
No fim, o filme serve a seu propósito: o de funcionar como preparação para o encerramento da saga Harry Potter. E o faz como todos os outros seis filmes antes, de maneira eficiente, mas só.

domingo, novembro 07, 2010

Um Olhar do Paraíso

Tudo o que poderia dar errado deu.

Depois de comandar super produções de abocanhar vários Oscars com a trilogia O Senhor dos Anéis e com King Kong, Peter Jackson tentou voltar a um gênero mais intimista, que o havia consagrado na Nova Zelândia com o surpreendetemente tocante Almas Gêmeas. Mas, dessa vez, com um resultado catastrófico. Um Olhar do Paraíso é catastrófico.

O tema, de início, já era complicado de se tratar, porém a delicadeza com que o livro original conseguiu retratar o caso de estupro e assassinato de uma garota de 13 anos somada à delicadeza de Peter Jackson em Almas Gêmeas, além dos grandes nomes do elenco, prometiam um grande filme.

O que eu assisti foi repulsivo. Total e completa repulsa, já no final do filme na sua tentativa de “final feliz” o que ele conseguiu despertar em mim foi nojo. Eu não vou revelar o final, para você masoquista o suficiente para ir assisti-lo, mas a maneira que ele foi construido parede ter sido de improviso.

Ficou a sensação de que a ordem da montagem foi alterada de última hora para atender algum desmando do estúdio para uma conclusão mais feliz. Pelo menos é essa impressão que ficou na minha cabeça, pois não consigo imaginar como uma pessoa poderia efetivamente escrever aquilo.

O resto do filme é todo descartável, não só o fim. Jackson se perdeu em efeitos especiais e esqueceu de contar a história. O roteiro como um todo, a fotografia, e a trilha sonora são todos desastrosos e mais contribuem para atrapalhar do que para construir o filme.

Os atores fazem o que podem com um roteiro ruim e raso e um diretor mais preocupado com a tela verde do que em dirigi-los. Mesmo a caracterização clichê e ridícula do vilão da história consegue funcionar pela força da atuação por debaixo de tanto equívoco.

Um Olhar do Paraíso poderia mudar seu nome para “Um Olhar do Inferno” e ser lembrado apenas como exemplo de como não se fazer um filme.

2/5

Nosso Lar

Antes de qualquer coisa eu devo dizer que eu sou espírita. E, sendo espírita, minha visão sobre o filme pode ser parcial, mas sem deixar de ser crítica. A história do homem ateu que morre e se encontra no pós-vida me tocou mais que ao espectador comum, e as cenas do “purgatório” foram particularmente perturbadoras. Mas eu não deixei de ver o filme como ele é, e ele é apenas mediano.

A mega produção é bastante eficiente tecnicamente, os efeitos especiais nunca deixam de serem convincentes e você acredita que tudo aquilo pode ser real. Mas as qualidades param por aí.
A trilha sonora feita por Philip Glass (indicado ao Oscar pela música de As Horas) chega a ser irritante de tão intrusiva. Parece que os produtores quiseram tanto fazer valer o dinheiro gasto na contratação de um compositor de renome internacional que acabou exagerando. Já as atuações são um misto de padrão Globo com canastrice, mas que acabam funcionando dramaticamente.

Isso não quer dizer que o filme não funcione ou que seja ruim, ele não é. A história funciona e comove. Apesar das falhas no desenvolvimento da trama, um problema recorrente em adaptações literárias que acabam ficando episódicas e sem rítimo. Algumas sequências parecem ter sido jogadas aleatoriamente no filme, sem acrescentar absolutamente nada, como parte sobre a segunda guerra mundial. E o tom doutrinário, que é, afinal, o objetivo do livro espírita, acaba não ajudando muito.

O objetivo do livro espírita é evangelizar e mostrar para alguém que já segue a religião como é a da vida pós-morte e como é o funcionamento da doutrina na prática. Aí o fato de eu ser espírita acaba ajudando na crítica, pois eu sei o quão melhor a história poderia ter sido contada, mas não foi devido às falhas no desenvolvimento do roteiro.

Mas, no fim, acho que o principal ponto positivo do filme é que, mesmo sendo um filme essencialmente religioso consegue o ser sem soar moralista ao extremo. O filme inclusive chama atenção pra esse fato na fala de uma personagem que reclama do tom moralista das pessoas em Nosso Lar. Mas isso surge mais como uma ironia do que como um fato real, existem filmes por aí, mesmo não sendo abertamente religiosos, que conseguem ser muito mais, chegando ao ponto do ofensivo. E digo isso de filmes americanos de grande bileteria e nem um pouco religiosos.

3/5

terça-feira, novembro 02, 2010

A Mentira do Mapinha Azul e Vermelho

Mesmo sem os votos do norte e nordeste a Dilma ganharia... Esse mapinha vermelho e azul é muito simplista e leviano até. Onde o Serra ganhou ele ganhou por uma margem muito apertada. Muito apertada. Só a vantagem que a Dilma teve em Minas e no RJ já seriam suficientes pra ela ultrapassar a vantagem que o Serra teve em São Paulo, Centro-Oeste e em todo o Sul, onde a vantagem do Serra foi maior, e ainda sobravam 300 mil votos de vantagem...

O que deu a vitória da Dilma não foi o nordeste, o nordeste só ampliou a vantagem. Mesmo porque não tem como o nordeste eleger ninguém, o NE inteirinho tem o tamanho eleitoral só de São Paulo, se São Paulo tivesse votado só no Serra e o nordeste inteiro só na Dilma o Serra levava. Não foi o que aconteceu, a Dilma teve uma votação forte e consistente em todo o Brasil. Em todos os estados e regiões Dilma teve uma votação muito alta. Ao contrário do Serra que só foi bem votado no Sul.
Essas manifestações são consequência do clima belicoso e criminoso que foi colocado na campanha de ódio e medo que o Serra fez. E a mídia apoiou, e continua apoiando quando divulga esse tipo de dado como se a Dilma só tivesse ganhado no nordeste.
Esse tipo de coisa é pra tentar esconder que o Serra teve um desempenho terrível mesmo em São Paulo e o fato de ele não ter conseguido um único eleitor a mais do que os eleitores naturalmente psdbístas. Pra comparar o Serra teve, no segundo turno, praticamente a mesma votação que o Alckmin teve no primeiro turno! Tanto no eleição pra presidente anterior, quanto na de governador desse ano.
O PSDB está estagnado onde era forte e perdendo espaço no resto do país todo. A única salvação talvez fosse o Aécio, que já está de saco cheio do PSDB, foi contra o Serra, mesmo quando parecia apoiar, e quer cair fora o mais rápido possível (Apesar do problema pro país com crescimento do Aécio, canalha, que censura a imprensa mineira, impede a divulgação de que é viciado em cocaína, a ponto de ter várias overdoses, pede cabeça de jornalistas, enfim, quase a mesma coisa que o Serra, com o agravante da cocaína).
Enquanto o DEM perdeu quase tudo, o que ele ganha mudando de nome a cada 2 anos (ARENA, PFL...) ele perde de novo no próximo escândalo de corrupção. Na Bahia, ACM Neto, amargou a terceira colocação na eleição pra prefeito de Salvador 2 anos atrás.
O Nordeste vota em peso no PT porque nínguém nunca olhou pra lá, nunca. Vivia estagnado e na miséria, enquanto hoje as taxas de crescimento estão na mesma faixa do crescimento chinês. Desenvolvimento econômico, emprego, erradicação da miséria e elevação social contra estagnação, desemprego, miséria, mortalidade infantil, desnutrição e morte da era ACM/PFL/DEM. Por que diabos eles iriam votar neles de novo?

E pra quem quiser ler mais sobre o assunto, aqui tem uma excelente análise sobre os resultados: http://politicando.blog.br/?p=1222

sábado, outubro 02, 2010

+ Filmes ou The Dark of the Matine

61 filmes em 3 meses e 169 no total. Só um pouquinho melhor que os dois primeiros trimestres.

Flashback:

"Os filmes estão na ordem em que foram assistidos [...] e acompanhados de uma classificação que vai de uma (*) a cinco (*****) estrelas. Essa classificação é apenas um indicativo de quanto eu gostei do filme, não é nem de longe uma análise. Alguns filmes vem acompanhados do símbolo #, isso quer dizer que foi a primeira vez que eu o assisti, e os que possuem refilmagens ou mais de uma versão estão seguidos da data da versão assistida. Os filmes que eu assisti mais de uma vez esse ano foram colocados apenas uma vez."


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Gattaca - Experiência Genética *****
Cidade das Sombras *** #
Desafiando Gigantes * #
À Procura da Felicidade ***
Nunca Mais * #
O Exterminador do Futuro - A Salvação ***
Shrek Para Sempre *** #
Alice no País das Maravilhas (1951) ****
Os Coletores *** #
Milk - A Voz da Igualdade *****
O Rei Leão ****
Predadores *** #
Entre Irmãos **** #
In Bruges ***** #
Contato *****
Salt ** #
A Origem **** #
Tron - Uma Odisséia Eletrônica * #
Psicose ***** #
A Rosa Púrpura do Cairo * #
O Nevoeiro **** #
Em Busca de Uma Nova Chance (The Greatest) **** #
Os Simpsons - O Filme ***
O Escritor Fantasma ***** #
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban *****
Harry Potter e a Ordem da Fênix ****
Diário de uma Paixão ****
Bem Me Quer, Mal Me Quer ** #
Quatro Amigas e um Jeans Viajante ***
Quatro Amigas e um Jeans Viajante 2 ** #
9 - A Salvação * #
Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei *** #
Os Mercenários ** #
Panorama do Cinema Brasileiro ** #
Nosso Lar ** #
Tropa de Elite ****
À Deriva **** #
O Resgate do Soldado Ryan *****
Limite (1931) ***
Anjos do Sol *** #
This Is Spinal Tap **** #
Do Luto à Luta *** #
O Fantasma do Futuro *** #
Linha de Passe *** #
Jogo de Cena **** #
Feliz Natal **** #
Two Men and a Wardrobe (Dwaj ludzie z szafa) (Curta) **** #
When Angles Fall (Gdy spadaja anioly) (Curta) ***** #
Charlotte et son Jules (Curta) * #
O Bandido Da Luz Vermelha ** #
O Pagador de Promessas ***** #
A Festa Da Menina Morta **** #
Paisagem na Neblina ***** #
Apenas Uma Vez *****
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro *** #
Santiago **** #
Deus e o Diabo na Terra do Sol **** #
O Padre e a Moça ***** #
Os Famosos e os Duendes da Morte **** #
O Caso dos Irmãos Naves ***** #
Terra em Transe **** #

sexta-feira, julho 02, 2010

+ Filmes ou The Dark of the Matine

Quase, quase. Tô quase conseguindo imprimir ritmo. 108 no total. Mais uma vez 54 em 3 meses.

Flashback:

"Os filmes estão na ordem em que foram assistidos [...] e acompanhados de uma classificação que vai de uma (*) a cinco (*****) estrelas. Essa classificação é apenas um indicativo de quanto eu gostei do filme, não é nem de longe uma análise. Alguns filmes vem acompanhados do símbolo #, isso quer dizer que foi a primeira vez que eu o assisti, e os que possuem refilmagens ou mais de uma versão estão seguidos da data da versão assistida. Os filmes que eu assisti mais de uma vez esse ano foram colocados apenas uma vez."


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Chico Xavier ** #
Metrópolis *****
Daqui a Cem Anos ** #
Cidadão Kane *****
Vício Frenético **** #
The Cove ***** #
As Melhores Coisas do Mundo **** #
2001 - Uma Odisséia no Espaço *****
Planeta Proibido ** #
O Encontro (Curta) **** #
Alice no País das Maravilhas (2010) *** #
Chinatown ***** #
Homem de Ferro 2 *** #
A Aldeia dos Amaldiçoados (1960) **** #
A Máquina do Tempo (1960) *** #
O Fim da Escuridão **** #
Kick-Ass - Quebrando Tudo ** #
Hellboy II - O Exército Dourado * #
A Primeira Noite de um Homem ***** #
Gomorra * #
Tudo Pode Dar Certo ** #
Ninja Assassino * #
A Conversação **** #
Daybreakers *** #
Robin Hood (2010) ** #
Deliver Us from Evil ***** #
Terra Estrangeira ***** #
Jornada nas Estrelas - O Filme (1979) *** #
Houve Uma Vez Dois Verões **** #
Battlestar Galactica - The Plan ** #
O Livro de Eli ** #
Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo ** #
Eles Vivem *** #
O Quinto Poder *** #
O Âncora: A Lenda de Ron Burgundy ** #
Me and Orson Welles *** #
Estômago **** #
Battlestar Galactica: Razor *** #
O Sonho de Cassandra *** #
Capital Circulante (Curta) ** #
O Golpista do Ano *** #
Paranoid Park **** #
Dia & Noite (Curta) ***** #
Toy Story 3 ***** #
Contatos Imediatos de Terceiro Grau ***
Guardiões da Noite **** #
Guardiões do Dia * #
Corrida Silenciosa ** #
Criação *** #
Blade Runner ***** #
Kamchatka **** #
Quincas Berro d'Água ** #
Recém-Formada * #
Código 46 ****

sábado, abril 03, 2010

+ Filmes ou The Dark of the Matine

Nesses 3 meses eu já vi 54 filmes. Só 30 a menos que o, vergonhoso, ano passado todo. Mas longe ainda do que poderia, e deveria, ser.

Flashback:

"Os filmes estão na ordem em que foram assistidos [...] e acompanhados de uma classificação que vai de uma (*) a cinco (*****) estrelas. Essa classificação é apenas um indicativo de quanto eu gostei do filme, não é nem de longe uma análise. Alguns filmes vem acompanhados do símbolo #, isso quer dizer que foi a primeira vez que eu o assisti, e os que possuem refilmagens ou mais de uma versão estão seguidos da data da versão assistida.Os filmes que eu assisti mais de uma vez esse ano foram colocados apenas uma vez."


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Zumbilândia *** #
Distrito 9 *** #
Se Beber Não Case **** #
A Garota Ideal ***** #
Os Imperdoáveis ***** #
Fantasia ** #
Guerra ao Terror **** #
Eu Te Amo, Cara **** #
Avatar ****
Harvie Krumpet (Curta) ***** #
G.I. Joe - A Origem de Cobra ** #
Grand Torino ***** #
Os Incríveis *****
12 Homens e Outro Segredo ****
Star Trek *****
Watchmen - O Filme ****
Invictus ** #
Amor Sem Escalas *** #
O Incrível Hulk *** #
O Homem Urso *** #
Harry Potter e o Enígma do Príncipe ****
Um Olhar do Paraíso ** #
An Education **** #
No Direction Home: Bob Dylan ***** #
Onde Vivem os Monstros ***** #
Sherlock Holmes *** #
Coraline e o Mundo Secreto ** #
Toy Story *****
Inimigos Públicos ****
O Desinformante! *** #
The Men Who Stare at Goats **** #
A Fita Branca ***** #
Amantes **** #
Toy Story 2 ****
Baile Perfumado **** #
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa *****
Um Homem Sério ***** #
Preciosa - Uma História de Esperança ***** #
O Fantástico Sr. Raposo **** #
A Estrada **** #
Ilha do Medo **** #
O Segredo dos Seus Olhos ***** #
Moon *** #
Pandorum ** #
O Mensageiro (2009) **** #
Touro Indomável *** #
Triangle *** #
Senhores do Crime **** #
The Invention of Lying ***#
F for Fake ***** #
Mary and Max ***** #
Coco antes de Chanel ** #
Julie e Julia *** #
Como Treinar Seu Dragão **** #

segunda-feira, março 29, 2010

Mary And Max

Sempre envio filmes pelo correio pra minha amiga Cleonice (E alguns presentinhos, como um relógio da Marvel), autora do blog A Loucura é a Saída de Emergência e marvete fanática.
Na última leva, além de clássicos e filmes consagrados de Kubrick, Almodóvar e Hitchcock, foi também a animação stop motion australiana desconhecida Mary and Max, que eu descobri através do twitter do Pablo Villaça.
O filme é lindo. Triste, deprimente e vai te fazer chorar por 1h20min, mas lindo. Desde a belíssima fotografia à história em si e a construção do roteiro. Vale a pena conferir.
Mas esse post não é sobre isso.
Depois de assistir ao filme, a Cléo me mandou o seguinte e-mail:

"Eu estava ouvindo uma música, hoje, uma bela música. Belas músicas lembram belas amizades. E belas amizades lembram não só belas coisas, mas lembram o conjunto de tudo, lembram os momentos difíceis, e os momentos de superação. Belas amizades lembram o verbo "ceder", lembram o verbo "amar". Lembram lágrimas. Todas as lágrimas. Lágrimas de todas as cores. Das cores de Almodóvar, e do desconforto causado por Almodóvar. Da genialidade de Kubrick, e das poucas vezes em que a amizade se encerra em unanimidade. Das horas, de todas as horas, do relógio da Marvel, que fica na mesa do Morpheus. Morpheus esse que lembra o rei dos sonhos, mas seria apenas um PC. Seria, se não fosse o principal mediador desta amizade. O homem que sabia demais. Sim, Hitchcock sabia demais. O que sera, sera, e é. É uma bela amizade. E não estou falando da amizade de Mary and Max, que é belíssima, mas estou falando da nossa amizade. Foi por intermédio da nossa amizade que eu conheci Mary and Max. E é justamente por conhecer essa amizade, que ouvir "Que sera, sera, Whatever Will Be, Will Be", fez com que eu me lembrasse da nossa amizade. Segue, em anexo, as duas versões que tenho da canção. A versão do filme do Hitch e a versão de Mary and Max, interpretada por Pink Martini.
Beijos.
Cléo."

Nem preciso falar que eu fiquei todo bobo, né?
Bom, as músicas: